Cientistas descobrem que a presença da molécula sarcosina
na urina indica a existência de tumores não benignos na próstata.
Pode ser o fim do temido exame de toque retal

A resistência masculina a consultas médicas em geral, aliada a suscetibilidades específicas quando a questão esbarra em territórios interditos, tornou o exame de toque retal um espectro para grande parte dos homens. Para estes, uma boa notícia: o exame, até agora imprescindível para o diagnóstico precoce do câncer de próstata, poderá ser substituído por um simples teste de urina. Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, descobriram que a presença na urina da molécula sarcosina, um derivado do aminoácido glicina, é um indicativo da existência do tumor em sua forma não benigna. A parte não tão boa da novidade é que essa ainda é apenas uma possibilidade e serão necessários ao menos cinco anos para que o teste chegue ao mercado.
Segundo um dos autores do estudo, o patologista Christopher Beecher, os cientistas trabalham neste momento para tornar o exame mais sensível – ou seja, capaz de detectar a substância ainda que em quantidades reduzidas. Mesmo na hipótese de eles fracassarem (e, nesse caso, o adeus ao toque retal terá de ser adiado), o novo teste poderá ocupar o lugar de outro exame igualmente indispensável para o diagnóstico do câncer de próstata – aquele que mede o nível de PSA no sangue (e que aterroriza outro grupo de valentões: o dos que sentem a visão escurecer só de ver uma agulha). De acordo com Beecher, os estudos já mostraram que a detecção de sarcosina na urina tem uma acuidade maior que a do teste de PSA no sangue. Além dos avanços no diagnóstico, a associação da sarcosina com o câncer de próstata aponta para uma nova possibilidade terapêutica. A equipe de Michigan encontrou indícios de que a molécula não seria apenas um indicador da existência do tumor no organismo, mas teria também um papel no desenvolvimento da doença: ela estimularia o movimento das células cancerosas em direção aos tecidos saudáveis. Isso leva os cientistas a crer que, se puderem impedir a produção dessa substância, conseguirão também evitar que o tumor se alastre.

O teste de detecção da sarcosina não é o único candidato a substituir o toque retal: o de identificação da proteína EPCA-2 – encontrada no sangue e também reconhecida como um marcador da doença – deverá ser lançado em 2013. Essas perspectivas animam pacientes e médicos: “Todo exame menos invasivo ganha maior adesão das pessoas”, diz o urologista Celso Gromatzky.

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