…e, quando a fúria dela passar, tente fazê-la ir
ao médico. Existem bons paliativos para a TPM
Vários relatos são trazidos pelas pacientes no dia-a-dia do consultório, um deles é o de Joyce (nome fictício).
De três a quatro dias por mês, a empresária Joyce Silva de Paula, de 40 anos, se transforma numa mulher irascível. Tomada pelo ciúme doentio, a simples aparição de uma moça bonita na televisão é suficiente para deixá-la fora de si. Então, acometida por fúria incontrolável, ela é capaz de voar no pescoço do marido, o também empresário Marcelo de Paula. “Depois de doze anos de casados, aprendi que o melhor a fazer nesses momentos é sair do circuito”, diz ele. Em tais períodos, nos fins de semana, Marcelo costuma pegar os três filhos e sumir. Antes de voltar para casa, pede ao mais velho para telefonar e sondar como está o humor de Joyce. “Só apareço quando sinto que as coisas estão mais tranqüilas.” Joyce é vítima de um caso extremo de TPM, a famigerada tensão pré-menstrual – um tormento que atinge 94% das mulheres brasileiras, entre 14 e 49 anos (os outros 6% devem ser compostos de mentirosas). E Marcelo, o marido, também não está sozinho. Sete de cada dez mulheres na TPM costumam descontar toda a irritação e o mau humor em seu companheiro. Para sorte da família Santos, a TPM de Joyce é relativamente curta. Há mulheres que ficam na TPM por até quinze dias. Um calvário – para elas e para todos que as cercam.
Mas é preciso ter calma, senhoras e senhores, e confiar que a medicina encontrará uma maneira de dar fim a esse suplício. Alguns tratamentos são possíveis. O uso de pílulas anticoncepcionais mesmo em regime cíclico, quando as pacientes menstruam podem ajudar. Se preferir por emendar as cartelas tentando atingir a amenorréia (suspensão de menstruação) as mulheres podem conseguir melhores resultados, lembrando que a prática poderá causar escapes no meio do ciclo. Outra forma muito interessante de tratar a TPM é impedir o fluxo menstrual com o Dispositivo intra-uterino liberador de Hormônio. Conhecido como “Diu liberador de Hormônio”, o Mirena revela-se ótima opção entre as ferramentas para combate da TPM.
De cada 100 brasileiras em idade fértil, 35 tomam algum medicamento contra o mal-estar daqueles dias. Os remédios mais populares são os fitoterápicos, embora não haja comprovação de que os benefícios decorram de seu mecanismo de ação. Podem ser resultado apenas do efeito placebo. Outra frente importante (esta, sim, atestada cientificamente) são os antidepressivos da classe dos SSRIs, da qual fazem parte o Prozac e o Zoloft. Os suplementos nutricionais, a prática regular de exercícios físicos e uma dieta equilibrada podem também abrandar o desconforto pré-menstrual. Apesar do aprimoramento das terapias, ainda se está longe de uma solução definitiva para a TPM. Isso porque a medicina não conseguiu desvendar por completo os processos biológicos que, todos os meses, levam as mulheres à loucura. Descrita pela primeira vez no ano 400 antes de Cristo, a TPM só começou a receber a devida atenção dos médicos cerca de quarenta anos atrás. Desde então, foram publicados mais de 500 estudos científicos sobre o assunto. Hoje, já se sabe que a TPM é, na realidade, uma associação de manifestações decorrente de oscilações hormonais bruscas. Por esse motivo, os médicos preferem chamá-la de síndrome pré-menstrual.
Até o momento, foram relatados 150 sintomas associados à TPM – da oscilação de humor à dor de cabeça, do choro fácil ao aumento do apetite, do inchaço à insônia. Por não apresentarem os sinais clássicos, e sim outros, menos característicos, muitas mulheres simplesmente desconhecem que têm a síndrome. Em algumas mulheres, predominam os sintomas físicos; em outras, os psíquicos são mais relevantes. Há que levar em conta ainda que, numa mesma mulher, o tipo e a intensidade dos sintomas podem mudar de mês para mês. Essas oscilações são determinadas por fatores genéticos, ambientais ou psicológicos. Mulheres acima dos 30 anos, com filhos e que trabalham fora são as principais vítimas do problema. Elas padecem de rotinas mais estressantes, o que contribui para acentuar as variações hormonais típicas desse período.
O ciclo menstrual é orquestrado pelos dois hormônios femininos por excelência: o estrógeno e a progesterona. O intervalo médio entre uma menstruação e outra é de 28 dias. Logo depois do final do sangramento, os níveis de estrógeno aumentam – o que provoca a proliferação do tecido que recobre a parede uterina, o endométrio. Isso acontece de forma a preparar o útero para receber o óvulo. O estrógeno continua a subir até o 14º ou o 15º dia do ciclo, quando ocorre a ovulação. A partir desse instante, as taxas de progesterona também crescem. Do latim progestare, “a favor da gestação”, esse hormônio mantém a parede do útero espessa. Com o passar dos dias, no entanto, como o óvulo não é fecundado, os níveis de ambos os hormônios caem abruptamente. As flutuações hormonais registradas, sobretudo, a partir da segunda metade do ciclo estão na origem da maioria dos sintomas da TPM, de acordo com os especialistas. A queda de estrógeno pode provocar de dor de cabeça a fadiga. O aumento da progesterona pode deflagrar quadros de ansiedade e irritação e levar o organismo a reter líquido. Além disso, durante a TPM, os níveis cerebrais de serotonina, substância associada à sensação de prazer e bem-estar, caem. Está aí a explicação para a depressão e a voracidade delas por doces naqueles dias. São reduzidos, ainda, os níveis de vitamina B6 e de açúcar no sangue e de endorfinas, uma espécie de opiáceo natural do organismo. Quando a progesterona diminui, outro hormônio, a prostaglandina, eleva-se e, com ela, aumenta a sensibilidade à dor. Por esse motivo, fazer depilação nesse período é mais doloroso.
O impacto dessas oscilações hormonais é devastador para um terço de suas vítimas – compromete quase que inteiramente as atividades do dia-a-dia. Em 1931, o médico americano Robert Frank, criador do termo TPM, escreveu: “Elas não só percebem seu próprio sofrimento, como também ficam com a consciência pesada em relação ao marido e à família. Sabem que suas atitudes e comportamentos são muitas vezes insuportáveis”. Considerando-se que, a partir dos 20 anos, as mulheres sofrem de TPM uma vez por mês, ao chegarem à menopausa elas terão amargado de sete a oito anos de sua vida com a síndrome. É preciso mesmo uma grande dose de amor – e paciência – para agüentar.
2 Comments
JOSE FRANCISCO
13 de junho de 2012
AFF NAÕ QUERO MaS ME CASAR DEPOS DE SABER DE TUDO ISSO,Nao tem cristÃO quente uma mulher na menopausa,sõ meu pai que é um anjo,sabe amor minha mae ate hj com idade de ……….to fora melhor so
Dr Francisco
19 de junho de 2012
Caro Jose Francisco
Para tudo na vida tem jeito.
Um abraço
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