Estudos realizados recentemente nos Estados Unidos apontam que o açúcar pode causar no cérebro efeito semelhante ao da cocaína. Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fizeram testes com ratos, oferecendo a eles um xarope à base de açúcar, por cerca de 12 horas por dia. Depois de um mês nesta dieta, os animais desenvolveram mudanças de comportamento no cérebro idênticas aos dos viciados em morfina.
De acordo com os pesquisadores, os cérebros dos ratos liberavam o neurotransmissor dopamina cada vez que tomavam a solução de açúcar. A dopamina conduz a busca do prazer, seja por comida, drogas ou sexo.
O neurologista Antonio Cezar R. Galvão, do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, explica, porém, que o resultado da pesquisa é incongruente e impreciso por diversas razões.
A começar pelo fato de que o açúcar refinado (que é extraído da cana e da beterraba) é a sacarose, que é transformada em glicose no tubo digestivo. “É a glicose que atinge a corrente sanguínea e, portanto, chega ao cérebro e ela é uma substância essencial ao metabolismo do nosso corpo, porque dela extraímos energia, totalmente necessária a nossa existência. O cérebro, por sua vez, precisa de glicose”, afirma o médico.
Em outras palavras, podemos dizer que a sacarose nunca atinge o cérebro, ou seja, não pode influenciar as áreas cerebrais de recompensa, que são responsáveis pela sensação de bem-estar e felicidade e cuja estrutura principal é influenciada pela dopamina (o neurotransmissor que conduz a busca por prazer e mais implicado na dependência às drogas). “O vício é induzido pela maciça e rápida liberação de dopamina no cérebro, que drogas como cocaína e nicotina provocam”, diz Galvão.
Esse, porém, não é o efeito que a glicose produz. “Se a glicose tivesse esse efeito de indução semelhante às drogas, como diz a pesquisa, os pacientes que recebem soro glicosado na veia nos hospitais mostrariam algum tipo de mudança de comportamento, assim como os diabéticos com hiperglicemia estariam constantemente ‘no barato'”, completa o neurologista.
Até aqui tudo bem, mas o que explica então a mudança de comportamento dos ratos após tomar soluções de açúcar? O consumo de açúcar proporciona um gosto agradável em nossas papilas gustativas e, como consequência, dá prazer ao ser humano. A mesma coisa acontece com os animais, incluindo os ratos usados na experiência. “O nosso cérebro em relação à comida ‘pensa’ como no tempo dos nossos antepassados e continua até hoje com desejo por alimentos difíceis de conseguir desde os primórdios da humanidade, como o sal, a carne e a gordura animal, com alto rendimento metabólico – diferentemente dos vegetais. Quando nossos antepassados conseguiam tais alimentos, comiam o máximo possível para acumular no corpo em forma de gordura, reserva para os tempos de escassez”, explica o médico.
Isso significa que a mesma coisa acontece com os ratos usados para a pesquisa. Eles ficaram eufóricos por comerem um alimento difícil de conseguir e que não faz parte da rotina alimentar deles. “Até mesmo os chimpanzés selvagens mostram grande euforia quando conseguem carne para comer, o que é ocasional, pois a maior parte da sua dieta é de vegetal”, completa o neurologista.
Açúcar e seus malefícios
Vale lembrar que nossos antepassados viveram anos e anos sem consumir açúcar. A ingestão de sacarose pura é uma coisa muito recente na existência humana, que surgiu há 500 anos, quando inventaram técnicas de extração de cana de açúcar. Por toda antiguidade e na Idade Média, as pessoas adoçavam os alimentos com mel de abelha, não muito fácil de conseguir. A maioria dos alimentos consumidos não eram doces também, o que significa que nosso corpo produzia glicose por conta do consumo de amido, presente no trigo, milho, arroz.
Mas a realidade hoje é outra e já temos a oferta de muitos alimentos ricos em açúcar (junk food, doces, o prórpio açúcar refinado). Tudo bem o açúcar não causar dependência como as drogas, mas é fato que algumas pessoas simplesmente não conseguem passar nenhum dia sem comer alimentos doces. Isso por causa do prazer que dá por conta do gosto agradável que proporciona ao paladar. Mas não podemos esquecer que o excesso de açúcar é um vilão para nossa saúde.
Além da obesidade e diabetes, o consumo excessivo de açúcar facilita o aumento de gordura abdominal, que está diretamente relacionada a doenças cardiovasculares. Então, o jeito é controlar a boca.
No Brasil, são consumidos cerca de 200g de açúcar por dia. Nos Estados Unidos, o número dobra para 400g. Em ambos os casos, há uma ingestão exagerada. A nutricionista Adriana Ávila, da clínica Vitay Medicina de Emagrecimento e Estética, diz que o consumo saudável de açúcar por dia é de cerca de 35g a 40g, ou seja uma a duas porções (que inclui doces e o proóprio açúcar refinado).
Na prática, isso equivale a uma colher rasa de açúcar e uma fatia de doce pequena. Por exemplo: um brigadeiro (25g), uma fatia de bolo simples (30g) ou uma fatia de bolo com recheio e cobertura (20g), uma unidade de chocolate ao leite (30g), uma bola de sorvete (60g) ou 3 unidades de bala de goma.
Quanto as junk foods que também são ricas em açúcar e gorduras e costumam ser a comida preferida de adolescente, a dica da nutricionista é limitar o consumo a uma vez por mês, no máximo. “E quando for comer junk food, a dica é optar por um sanduiche mais simples, evitar de pedir o combo (composto por lanche, batata e refrigerante) e se quiser tomar sorvete, prefira a casquinha ao sundae”, orienta Adriana.
1 Comment
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20 de dezembro de 2010
Hello, dei uma espreitadela a tua pagina e refecti mesmo muito,acho que estás a fazer bem!
Parabéns com o o blog!
Au revoir
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