Por pelo menos 2 mil anos, curandeiros chineses usaram a acupuntura para tratar dores e outras doenças. Agora, médicos ocidentais querem provas científicas de que ela funciona ou não. Para eles, não basta que pessoas se sintam melhor depois de receber o tratamento, que consiste na inserção de pequenas agulhas profundamente na pele em pontos específicos do corpo. Eles querem saber se elas estão se beneficiando da acupuntura em si ou simplesmente de um efeito placebo causado pela administração do tratamento.

Na semana passada, um estudo publicado na revista Arthritis Care and Research e realizado por pesquisadores com o MD Anderson Cancer Center, em Houston, descobriram que entre 455 pacientes com artrite dolorosa no joelho a acupuntura não ofereceu mais alívio do que um tratamento simulado.

Na verdade, os pacientes sentiram um alívio significativo em ambos os tratamentos – uma redução média de um ponto em uma escala de dor de 1 a 7. Para os críticos, o problema é do estudo que teria sido mal concebido.

Por um lado, eles notaram, os pacientes em ambos os grupos receberam tratamento com agulhas e estimulação elétrica; a principal diferença foi que, no grupo placebo, as agulhas não foram inseridas profundamente e o estímulo teve duração mais curta. No mundo real, um acupunturista treinado personalizaria o tratamento de sintomas específicos para cada paciente. No estudo, porém, as agulhas foram inseridas da mesma maneira em todos os pacientes do grupo da acupuntura “real”.

No lugar de provar que a acupuntura não funciona, em outras palavras, o estudo pode sugerir que ela funciona mesmo quando é mal administrada. Mas a lição real, dizem os defensores da acupuntura, é sobre o quanto é difícil usar padrões ocidentais de investigação para uma antiga arte de cura.

“As pessoas alegam que, na verdade, não há pontos de acupuntura inativos – quase sempre que você inserir uma agulha vai encontrar um ponto ativo”, disse Alex Moroz, um acupunturista treinado que dirige o programa de músculo-esqueleto no departamento de reabilitação na faculdade de Medicina da Universidade de Nova York. “Há um conjunto de literatura pelo qual toda a abordagem do estudo da acupuntura não se presta ao método científico reducionista ocidental.”

A principal autora do estudo, Maria Suarez-Almazor, observa que o tratamento placebo foi desenvolvido com a ajuda de acupunturistas. Em um estudo sobre drogas, uma resposta igual nos grupos de tratamento e de placebo provaria que a droga não funciona, disse ela. “Trabalhamos com acupunturistas treinados no estilo tradicional chinês. Não planejamos um estudo que tentava demonstrar que a acupuntura não funciona, os resultados vieram sem diferença entre os dois grupos”, disse.

A pesquisa do MD Anderson e outros estudos recentes alimentaram as especulações de que a picada de uma agulha, seja na acupuntura real ou numa falsa versão, pode influenciar a maneira como o corpo processa e transmite os sinais de dor.

Um estudo de 2007 com 1 200 pacientes com dores lombares, financiado pelas companhias de seguro da Alemanha, mostrou que quase a metade dos pacientes de ambos os grupos, de acupuntura real e falsa, tiveram menos dor depois do tratamento, em comparação com apenas 27% dos que receberam terapia física ou outra forma tradicional de tratamento.

Quando os pesquisadores alemães mediram quanta dor os pacientes sentiam, descobriram uma diferença considerável entre os da acupuntura real e os do tratamento falso. Apenas 15% dos pacientes do grupo de acupuntura precisaram de medicamentos adicionais para a dor, em comparação com 34% do grupo simulado. O grupo que recebeu terapia tradicional se sentiu pior dos que receberam a acupuntura falsa: 59% desses pacientes precisaram de doses extras de remédios para dor.

Os pesquisadores, que publicaram seus resultados na Archives of Internal Medicine, especularam que a inserção de agulhas ao redor de uma zona de dor pode ter causado um efeito de “super placebo”, desatando uma série de reações que mudou a forma que o corpo experimenta a dor.

Outro estudo, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, publicado em 2004, descobriu que a acupuntura reduziu significativamente a dor e melhorou a função em pacientes com artrite de joelho em comparação com um tratamento simulado.

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