Como na matéria postada anteriormente a incontinência urinária é um sintoma que causa profundo constrangimento nas mulheres já que pode levar á uma distorção do convívio social imposto restrições as suas atividades rotineiras.
No consultório e no dia-a-dia, percebemos que senhoras passam a evitar reunir-se com família e amigos devido á preocupação que o cheiro de urina que acumula em suas vestes possa ser sentido por outros. Não é comum ouvir queixas no consultório que alguma paciente deixou de ir ao baile dançar e que agora encontra-se muito triste. Outras me falam que faziam “jump” e que agora não podem mais pois sentem a calcinha molhar.
Estes sintomas que restringem as atividades das pacientes tem relação com a perda urinária de estresse ou esforço, situação em que não consegue segurar a urina na bexiga quando exerce alguma pressão intra-abdominal. Uma pergunta frequente que faço é se ao tossir, espirar ou gargalhar a paciente perde urina.
Se a perda urinária for classificada mesmo como de esforço e muitas vezes está relacionada á perda do ângulo da uretra com a bexiga por “queda” do polo vesical (da bexiga) devido á partos ou mesmo uma frouxidão da musculatura, então a paciente poderá optar por tratamentos conservadores como fisioterapia ou cirúrgico que é o foco de nossa discussão.
Antigamente realizava-se a correção de incontinência por via baixa pela técnica de “kelly Kennedy” que são pontos que eram dados em torno da uretra para suspender o ângulo vesical. Essa cirurgia já está completamente em desuso por apresentar um índice de recidiva muito grande. Sempre ouvíamos as senhorinhas chegando no consultório e dizendo que não respeitaram a dieta ou coisa e tal. Isso era colocado em suas cabeças para justificar pelos médicos antigos á falha do método.
Cirurgia também realizada para correção de incontinência é a cirurgia de fixação vesical retropúbica de Buchi. Esse procedimento até hoje é eficaz e duradouro, porém pode causar retenção urinária em alguns casos pós operatórios que exigem a sondagem vesical das pacientes por mais tempo.
A técnica cirúrgica ideal é aquela que proporciona uma intervenção eficaz, com pouca morbidade, minimamente invasiva, com tempo de hospitalização e imobilização reduzidos e resultados duradouros. Para alcançar estes objetivos, idealizou-se a técnica de TVT (Tension-free Vaginal Tape), na qual coloca-se uma faixa de polipropileno auto-fixante e livre de tensão sob a uretra média. É usualmente realizada por via retropúbica, sob anestesia local, em regime de Hospital Dia. Sendo praticamente indolor, a paciente retorna às suas atividades rotineiras em três ou quatro dias. Esta técnica tem índices de cura acima de 80%.
Após um período de monopólio do TVT (10), várias faixas sintéticas passaram a ser comercializadas, produzidas por vários laboratórios e diferindo entre si nos seguintes aspectos:
01. Características da faixa:
absorvível, não-absorvível ou mista
monofilamentar ou multifilamentar
macroporosa ou microporosa
02. Vias de acesso:
Via ascendente (retro-púbica, pré-púbica)
Via descendente retro-púbica
Via mista
Via transobturadora – in-out (Gynecare TVT Obturador System-TVTO), out-in (Safyre)
Entre as várias técnicas descritas até o momento, o TVT e similares são as que apresentam o maior número de publicações confirmando sua eficácia.
Em Araras já utiliza-se as faixas sintéticas para correção de incontinência, a técnica utilizada por nós é a de in-out (Gynecare TVT-O) desde o começo de 2010 com resultados iniciais excelentes.
O video abaixo mostra esquematicamente como a faixa de TVT transobturatória é fixada.
4 Comments
Eunice Rosa
11 de novembro de 2011
Dr.Francisco, sofro de incontinencia urinária, gostaria de saber se existe a possibilidade de fazer esta cirurgia através do SUS, moro em SP capital e atualmente estou sem convenio médico.
grata
Eunice Rosa
Dr Francisco
17 de novembro de 2011
Ola Eunice
Primeiramente é preciso saber qual a causa de sua incontinência. Se ela for de esforço pura ou mista com componente de esforço mais importante, o uso das faixas como o TOT deverá resolver. A perda urinária de esforço tem relação com perda involuntária quando a paciente tosse ou espirra, ou carrega um peso. Se vc perde á noite dormindo, ou sem perceber ou ainda apresenta necessidade urgente de ir ao banheiro, seu tratamento pode ser diferente.
Grande abraço.
Angela
5 de dezembro de 2012
O meu caso é igual ao da Eunice,já fiz perineoplastia, porem sem resultados, a minha IU.é de esforço ,pois só perco urina ao tossir ou espirrar,estou muito triste e me sinto meio isolada no convivio social,será que eu consigo fazer essa cirurgia pelo SUS,e qual o valor estimado desse tipo de cirurgia?
Dr Francisco
7 de abril de 2013
Olá Angela,
Hoje a perineoplastia não é mais realizada para incontinência urinária, as faixas de tecido sintético dão sustentação adequada e sem tensão e são o padrão-ouro ou seja a melhor indicação para incontinência urinária de esforços. Após exame para avaliação urodinâmica, poderemos saber qual a melhor técnica a ser usada. A faixa custa cerca de 1200 a 1550 reais dependendo do fabricante, mas infelizmente não sei dizer se o SUS cobre.
Até mais, boa sorte,
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