A Organização Mundial da Saúde define o rastreamento do câncer de mama na faixa etária da população feminina de 50 a 69 anos como prioritário e o Brasil segue essa política, a exemplo de outros países europeus como Alemanha, França, Reino Unido, além do Canadá e Japão.
O Ministério da Saúde passou a garantir a mamografia bilateral de rastreamento para as mulheres dessa faixa etária em portaria do ano passado (de número 1.253/2013). Ela prevê o direito ao exame sem necessidade de pedido médico, ou apresentação de sintomas, ou ainda sem que a paciente tenha história de câncer de mama na família. A partir dos 50 anos o tecido mamário é substituído pela gordura, o que torna mais fácil a visualização de um provável tumor, explica a portaria do Ministério da Saúde. A decisão do rastreamento com mamografia bilateral só depois dos 50 anos, como estabeleceu a portaria governamental, e não a partir dos 40 anos, vem sendo criticada pelos especialistas. Segundo os médicos, a medida contraria a lei 11.664, de 2009, que estabeleceu o direito à mamografia anual gratuita pelo SUS para todas as brasileiras, a partir dos 40 anos. Para as mulheres de 40 a 49 anos o SUS continua garantindo uma mamografia anual, mas do tipo unilateral. A mamografia unilateral, como diz o nome, examina apenas uma das mamas. Ela é indicada para diagnóstico, quando há presença de sintomas ou a paciente tem histórico de câncer de mama na família, ou já está com a doença diagnosticada e precisa da avaliação para identificar o estágio do tumor ou para fazer acompanhamento após ter sido operada. Detecção precoce Nessa faixa etária de 40-49 anos as evidências de que o rastreamento reduz a mortalidade por câncer de mama são menos consistentes, mostram os estudos que orientam a decisão governamental. Mas, o exame preventivo com a mamografia bilateral é extremamente importante para detectar a presença da doença em seu estágio inicial, quando a chance de cura chega a ser de 95% e o tratamento é mais simples. Daí a discordância dos médicos sobre a determinação governamental. As entidades representativas dos profissionais, como o Conselho Federal de Medicina (CFM), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomendaram a seus associados não seguir a portaria governamental e continuar indicando o rastreamento com a mamografia bilateral, de periodicidade bianual, para as pacientes com 40 anos ou mais. A mamografia bilateral preventiva é recomendada, ainda, para mulheres que irão iniciar terapia de reposição hormonal. As que se submetem ao tratamento de reposição hormonal devem fazer o exame anualmente. As que planejam cirurgia plástica de mama também devem fazer o exame bilateral antes da intervenção. Enquanto os especialistas debatem a questão da faixa etária adequada para o rastreamento preventivo do câncer de mama, e pressionam o governo a rever a decisão, é baixa a aderência do público alvo, ou seja,mulheres entre 50 e 69 anos, ao exame. Dados de 2011, do SUS, mostram que menos de 30% da população que deveria fazer a mamografia, segundo a portaria do ministério da saúde, se submeteram, de fato, ao exame. E para que ocorra redução na mortalidade pela doença seria preciso que ao menos 70% das mulheres entre 50 e 69 anos aderissem ao rastreamento, segundo os estudos que basearam a orientação da OMS. Se você tem 50 anos ou mais, portanto, procure seu médico para agendar o exame preventivo hoje mesmo.
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