Muitas vezes as mulheres de ‘meia-idade”  se comportam como seres assexuados e declaram aos íntimos que ‘penduraram as chuteiras’.

Quando entrevistadas por médicos ou psicólogos, afirmam não ter mais nenhuma vontade de manter vida sexual ativa, ou seja, que não têm mais desejo sexual.

Quanto há de imposição social ou de conteúdo psicológico nisso, é difícil dizer. A menopausa traz conseqüências, sim, mas estas se referem muito mais à lubrificação dos genitais do que outra coisa; a reposição hormonal e o uso de cremes – sob orientação do ginecologista – resolverão esta dificuldade, além do livre uso de lubrificantes à base de água, existentes no mercado.

Em relação á reposição hormonal, pode haver ainda um preconceito ou medo que possa engordar ou aumentar seus riscos de ter câncer de mama.   Precisamos lembrar que a introdução de hormônios deva ser ponderada pelo seu médico que levará em consideração fatores de risco familiares e deverá orienta-la á procurar um estilo de vida saudável principalmente no que tange á alimentação e atividade física.

Em minha experiência clínica o uso de androgênios (hormônios masculinos) bioidênticos tem sido uma boa ferramenta na melhora do libido, agindo com melhora da lubrificação e também no próprio sistema límbico melhorando desejo e auto-estima.

Na maior parte das vezes, a mulher deixa de se sentir estimulada a exercitar sua sexualidade por uma conjunção de fatores: sociais, emocionais e conjunturais.

Alguns entendem que  existe na nossa cultura, uma supervalorização da maternidade; imperceptivelmente a mulher se considera valorizada por ser – ou por poder ser – mãe; na menopausa, esta possibilidade desaparece, e a associação que fazemos entre sexualidade e reprodução se esfacela.

É quase como se disséssemos: “se não vou gerar filhos, o que justifica o ato sexual?”

Por outro lado, o fato de passar para um novo ciclo de vida, no qual geralmente a mulher não tem mais tantas pessoas (filhos) que dependam dela, gera a chamada síndrome do ninho vazio, da qual faz parte um estado depressivo, de auto desvalorização e baixa auto-estima.

A depressão é inimiga do desejo, e os antidepressivos também contribuem para diminuição da libido.

Além disso tudo, ainda há que se considerar que é possível que essa diminuição do desejo corresponda a dificuldades sexuais dos parceiros, constituindo-se em um verdadeiro mecanismo adaptativo, para assegurar a estabilidade do casal.

Nos casos em que as mulheres são divorciadas, viúvas ou solteiras, acrescenta-se a dificuldade de não ter parceiros, já que nossa sociedade ainda aceita com mais facilidade a união de homens mais velhos com mulheres jovens, o que diminui sensivelmente a possibilidade de encontrar parceiros, ainda que eventuais; sentir-se ‘não desejante’ é uma saída puramente psíquica para esta situação.

Na verdade, não há nenhum impedimento de ordem orgânica se tratada adequamente para que a mulher na menopausa altere sua vida sexual; devidamente estimulada por um parceiro realmente interessado em lhe oferecer prazer, ela pode levar uma vida sexual ativa e satisfatória. Por vezes até melhor, visto que contracepção deixa de ser um problema e o sexo volta-se apenas para o prazer.

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