Acabei de chegar de Las Vegas onde participei do 39a congresso da AAGL, a mais conceituada sociedade de ginecologia e laparoscopia do mundo.    Como era de se esperar reunidos conosco brasileiros haviam profissionais ginecologistas do mundo inteiro.   O ambiente escolhido para o congresso é extremamente grande tendo acolhido várias salas de conferência, salas para treinamento de cirurgias “hands on” e ainda acomodando muito bem os vários boxes das indústrias produtoras de materiais e equipamentos cirúrgicos.    O Hotel Caesar’s Park de Las Vegas é grandioso, com casino, centro de convenções, teatros, vários restaurantes, arena para espetáculos e um shopping center fechado com teto pintado em forma  de céu que muda de cor dando a impressão de que 24 h do dia se passam em apenas uma hora, com alvorecer, entardecer e anoitecer.

O congresso uniu profissionais dos mais diversos países do mundo todo que apresentaram suas experiências cirúrgicas em laparoscopia com as mais diversas técnicas que foram exaustivamente discutidas.

Pela manhã sempre tinhamos uma cirurgia sendo realizada em tempo real de alguma parte do mundo, cirurgiões operavam em centros cirúrgicos adaptados com câmeras de video e microfones e uma imensa platéia atenta em Las Vegas acompanhava, fazia perguntas e inclusive opinava e dava sugestões.

Tive oportunidade de comparar as técnicas que já realizo com as que os colegas apresentavam e pude diante disso aprimorar algumas diante dos equipamentos que dispomos, já que nem tudo que os colegas americanos têm, nós podemos usufruir.

Alguns fatos me chamaram muita a atenção e um deles foi o fato de já se discutir com tranquilidade se a melhor via cirúrgica em determinados casos seria a da realização da laparoscopia ou cirúrgia robótica.   Minha surpresa reside no fato que atualmente no Brasil temos 4 ou 5 robôs cirúrgicos e quando pensamos em qual seria a melhor via nos vem a cabeça a via laparotômica (abrir a barriga como se faz á anos), a via vaginal (que nem todos cirurgiões dominam mas é uma boa opção) ou a laparoscópica (introdução de instrumentos por pequenos “furos” visualizados por uma ótica acoplada em uma câmera e monitor).

A cirúrgia robótica utiliza praticamente a mesma técnica da laparoscopia, onde os braços do robô (veja a figura) introduzem pinças na cavidade abdominal do paciente para realizar as cirurgias e tem como vantagem a ausência de tremor normal do ser humano, propiciar precisão no procedimento e facilitar muito a realização de suturas (pontos) dentro da cavidade.   A grande maioria dos hospitais dos EUA já contam com robôs em seus centros cirúrgicos.

Outro fato que me chamou a atenção é a utilização do “single port”, que é a substituição de 3, 4, 5 punções (furos) no abdomen (barriga) por apenas 1 na cicatriz umbelical por onde todos os instrumentos, ótica, pinças (tesouras, pinças elétricas e suturas) passam, diminuindo ainda mais o trauma cirúrgico com redução das incisões.

Nos EUA apenas 12% das histerectomias (retirada do útero) ainda são feitas por laparoscopia por falta de profissionais capacitados, mas em 20 anos a meta é de chegar á 90%.  Não tenho dados do Brasil, mas uma coisa é certa, as pacientes que necessitarem em Araras e região podem sentir-se seguras em optar por uma cirurgia laparoscópica porque há mais de 10 anos que já as realizamos na cidade.   Levando em consideração que apenas 12% das cirurgias de histerectomia são por laparoscopia nos EUA e que eu realizo essa técnica com sucesso em nossa cidade, podemos ficar orgulhosos.     A histerectomia laparoscópica é um procedimento muito menos agressivo que a mesma cirurgia realizada pelo método tradicional já que não há necessidade de cortes, a alta hospitalar é precoce, o risco de infecção e dor pós operatória é menor e a recuperação muito mais rápida, sendo que as possibilidades de complicações são as mesmas.

Agradeço ao convite dos labarotórios que ajudaram a proporcionar minha participação no congresso americano e já vislumbro a participação em outros nos próximos anos para que possamos cada vez mais levar o melhor ás nossas pacientes.

Possibilidade de treinamento nos stands das indústrias

Robôs cirúrgicos expostos nos estandes mostrando que enquanto a paciente encontra-se estéril nos braços mecânicos o médico confortavelmente opera sentado em um console.

Hora do almoço no congresso.

Equipamento que fica sobre a paciente para melhorar a postura do cirurgião

Posição estranha para operar.

Equipamentos de ponta. "single port".

Equipamentos de treinamento de todos os tipos.

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