Abaixo o colega ginecologista analisa a terapêutica hormonal para pacientes climatéricas.   Lidando há 16 anos com terapêutica hormonal, participando de dezenas de jornadas, cursos, congressos no Brasil e no exterior e tratando centenas de mulheres em meu dia a dia, pude adquirir em minha prática clínica uma sólida opinião á respeito.   Em meu consultório sempre trato pacientes que apresentem queixas e sintomas, que queixam-se de algo que a esteja incomodando ou atrapalhando seu cotidiano.   Sintomas como fogachos, insônia, irritabilidade, depressão, queda da libido, secura vaginal respondem rapidamente ao tratamento clínico, mas sou bastante específico em meu tratamento e individualizo ao máximo minha pacientes, se tenho alguém que tem dor para ter relação mas não tem fogachos, utilizo creme vaginal, se a paciente não tem sintomas e não vai usar hormônios, se tem ossos normais, apenas oriento práticas saudáveis como atividade física e dieta. adequada, se tem sinais de osteopenia ou osteoporose então devemos pensar em melhorar o aporte de cálcio e usar muitas vezes medicação específica para tratar osteoporose.

É preciso ter cuidado com o que se lê e se escuta. Em 2002, a mídia fez muito barulho ao divulgar os resultados do estudo WHI mostrando que a terapia de reposição hormonal após a menopausa aumentava o risco de câncer de mama e de ataques cardíacos. A revista Época, de 15/07/2002, estampou a manchete “Traídas pela medicina”, que virou outdoor em várias capitais brasileiras. O estudo foi noticiado por vários outros órgãos da imprensa, causando pânico entre as usuárias. Faltou dizer na ocasião que ele contemplava somente um esquema de reposição hormonal, justamente o mais antigo, por isso pouco utilizado, quando na época já existia mais de vinte combinações hormonais. Também houve confusão entre números absolutos e relativos. As matérias mencionavam aumento de 26% na incidência de câncer de mama, fazendo supor que 26 entre 100 usuárias desenvolviam o tumor, quando na verdade a proporção era de 26 mulheres para cada 1000 (2,6%). Cinco anos depois, o polêmico estudo foi revisado e os cientistas chegaram à conclusão de que os hormônios poderiam ser benéficos quando bem utilizados. A própria revista Época fez uma reportagem intitulada “Redimiram os hormônios” em 10/09/2008. Mas, ao contrário da anterior, ela não recebeu tanto destaque. Nesse intervalo entre uma publicação e outra, o que mais me incomodou foi a reação de muitos médicos e dos representantes institucionais das corporações de ginecologia e menopausa. Por que se abalaram tanto com uma notícia da mídia leiga a ponto de demonstrar insegurança ao abordar o assunto? Por que nós, médicos, com prática clínica, mesmo observando diariamente os benefícios da reposição hormonal, quando bem individualizada e supervisionada, nos deixamos abater desse jeito? Alguém me respondeu que “experiência pessoal não vale nada”. Lamento discordar: excesso de referência bibliográfica alheia é que pode atrofiar nossas experiências pessoais. Chegamos a tal extremo nesta era da medicina baseada em evidências ? que supervaloriza os resultados dos estudos clínicos para a tomada de decisão ? que precisamos voltar a praticar a “medicina baseada em inteligência”, como denominou o meu querido mestre Lucas Machado. Nossa tomada de decisão deve ser baseada no conhecimento, que inclui educação, literatura e experiência. Esta é a arte e a ciência da prática médica. É a razão pela qual nós temos o prazer de praticar a clínica e a razão pela qual nossas pacientes nos valorizam como clínicos. Não podemos abrir mão desta responsabilidade. Os hormônios para reposição hormonal após a menopausa avançaram muito. O mais usado no início para atenuar os problemas decorrentes da falência do ovário foi um estrógeno retirado da urina da égua grávida. Era um hormônio equino, diferente do hormônio humano. Mas a única opção disponível naquele momento. A tecnologia evoluiu e surgiram os hormônios bioidênticos. Como o próprio nome sugere, eles são idênticos aos nossos hormônios naturais, embora tenham sido produzidos em laboratório por engenharia genética recombinante. Uma ressalva importante: esses hormônios são diferentes daqueles presentes nas pílulas anticoncepcionais. Eles devem ser receitados por médicos experientes, com critério científico, clínico e laboratorial, levando em conta os sintomas, a idade e a saúde da paciente. Existem dados concretos que nos permitem deduzir com relativa segurança os benefícios da terapia de reposição hormonal após a menopausa: 1) A reposição somente é realizada mediante a falta de hormônio. 2) O ideal é iniciá-la assim que começa a cair a produção hormonal. quando começa a cair a produção dos hormônios. 3) A via não oral é preferível à via oral por ser mais fisiológica. 4) Os prós e os contras da terapêutica devem ser apresentados à mulher, que decide pela aderência ou não. Portanto, “a decisão é da paciente”. 5) Diferentemente da matemática, a medicina não é uma ciência exata, porque muitos parâmetros estão em jogo: genética, alimentação, atividades físicas, toxidade do meio ambiente, etc. Hoje é possível compensar a falta de hormônio no climatério por meio de compostos sintéticos idênticos aos naturais, produzindo respostas totalmente fisiológicas.

Nota:
Fonte: Portal Dr. Malcolm Montgomery

Write a comment:

*

Your email address will not be published.

2015 © Copyright - Dr. Francisco Gonzaga por Tribo Creative

Para Emergências Ligue: (19) 3542-2700